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Com 55 km, caminho de Salkantay leva
trilheiro a Machu Picchu



Caminho de Salkantay, percurso de 55 km até Machu
Picchu, é opção para trilheiro que procura beleza,
sofisticação e sossego

Muitos caminhos levam a Machu Picchu, mas a trilha do Salkantay é uma rota de extremos. Temperaturas variando de -5ºC a 26 ºC; altitudes suportáveis de 1.850 m atingindo 4.650 m acima do nível do mar; montes nevados e matas fechadas; terra árida, pedregosa; e vales férteis com rios e cachoeiras.

Com 55 km de caminhada na imponente cordilheira Vilcabamba, a trilha do Salkantay dá ao viajante uma noção da riqueza do ecossistema encontrado no Peru.


Para aqueles que ainda têm o espírito aventureiro, gostam de passar frio e usar o mato como banheiro, é possível acampar com a infra-estrutura mínima. Agora, se você não tem mais a vocação hippie dos anos 70 (ou nem sabe o que é isso) e a única vez em que acampou foi com a turma do colégio, existe a possibilidade de ficar em quatro lodges (refúgios) com todo o conforto para o trilheiro.

Menos conhecida e bem menos abarrotada de turistas, a trilha do Salkantay pode ser percorrida em sete dias, já contando os sacolejos iniciais em uma van e um pequeno trecho final de trem.

Imprescindíveis são dois dias de aclimatação em Cusco, a capital do vasto Império Inca, a 3.400 m acima do nível do mar. Os efeitos da altitude variam de pessoa para pessoa. Nariz com pelotas de sangue, sobressaltos noturnos pela falta de ar, cansaço descomunal ao dar uma simples volta no quarteirão. Sintomas que podem ser amenizados, segundo os guias locais, por aspirinas e baldes de chá de coca servidos nos hotéis.

Folhas de coca

Depois de dois dias pelas ruelas e pedras de Cusco, o primeiro percurso com pouco mais de 100 km é percorrido em três horas de van, até o início da caminhada em Marcocasa. Grupos de 12 pessoas são acompanhados por dois guias. Apenas uma parada no mercado para comprar as energizantes folhas de coca.

Andar de van pelas curvas da região pode ser uma aventura mais radical do que ir a pé. Os solavancos são impiedosos, por isso, há um certo alívio quando se chega a Marcocasa. É lá que são contratados os arrieiros responsáveis pelas mulas que transportarão os pertences do grupo. O mais pesado vai no lombo. Na mochila, só o imprescindível.

Percorre-se 12 km nessa primeira caminhada de Marcocasa até Soraypampa, onde fica o Salkantay Lodge. O caminho começa no início da tarde com sol e uma temperatura que lembra o verão brasileiro. Mas depois de três horas de caminhada, o que era sol vira uma chuva fora de época, o vento fica frio e cortante. Casacos e capas de chuva são abertos. Às 17h, parece noite.

A vantagem de ficar nos lodges pode ser percebida na hora da chegada: o grupo, molhado, é recebido com chá de coca quente pelos funcionários, os sapatos e as capas são levados para secar, aquecedores fazem o sangue circular, e o lanche está pronto.

O Salkantay Lodge é o único em que se hospeda por duas noites -nos outros, é apenas uma. Celular não pega, não há internet, e a luz é "cortada" para economizar gás por volta das 23h30. Para ler, só com velas. Há algo melhor do que isso?

Na manhã seguinte, também como forma de aclimatação, aqueles que querem podem ir até uma lagoa chamada Humantay nas redondezas.

Como chegar
São cerca de cinco horas de vôo de São Paulo a Lima. Da capital peruana até Cusco mais uma hora, sobrevoando a cordilheira. Em Cusco, de van ou de ônibus até Mollepata/Cruzpata, o percurso é de pouco mais de 100 km. De lá, começa a trilha

Para quem
É, já foi ou nunca imaginou ser trilheiro e procura um caminho magnífico com cenários que se modificam a todo instante

Quando ir
De junho a setembro, as chuvas dão uma trégua. No começo da trilha, faz frio. A temperatura pode chegar a -5ºC. Depois, o sol esquenta. Na temporada de chuvas, é grande o risco de ficar encharcado, mas o caminho está mais verde e florido

Dica
Vá no seu ritmo. Em grupo sempre há os apressados, mas não force para evitar mal-estar, falta de ar e dores nas pernas

Onde saber mais
www.peru.info
www.mountainlodgesofperu.com

Fonte: FRANCISCO JORDÃO
da Revista da Folha