Para aqueles que ainda têm o espírito aventureiro,
gostam de passar frio e usar o mato como banheiro, é
possível acampar com a infra-estrutura mínima.
Agora, se você não tem mais a vocação
hippie dos anos 70 (ou nem sabe o que é isso) e a única
vez em que acampou foi com a turma do colégio, existe
a possibilidade de ficar em quatro lodges (refúgios)
com todo o conforto para o trilheiro.
Menos conhecida
e bem menos abarrotada de turistas, a trilha do Salkantay
pode ser percorrida em sete dias, já contando os sacolejos
iniciais em uma van e um pequeno trecho final de trem.
Imprescindíveis
são dois dias de aclimatação em Cusco,
a capital do vasto Império Inca, a 3.400 m acima do
nível do mar. Os efeitos da altitude variam de pessoa
para pessoa. Nariz com pelotas de sangue, sobressaltos noturnos
pela falta de ar, cansaço descomunal ao dar uma simples
volta no quarteirão. Sintomas que podem ser amenizados,
segundo os guias locais, por aspirinas e baldes de chá
de coca servidos nos hotéis.
Folhas
de coca
Depois de dois
dias pelas ruelas e pedras de Cusco, o primeiro percurso com
pouco mais de 100 km é percorrido em três horas
de van, até o início da caminhada em Marcocasa.
Grupos de 12 pessoas são acompanhados por dois guias.
Apenas uma parada no mercado para comprar as energizantes
folhas de coca.
Andar de van
pelas curvas da região pode ser uma aventura mais radical
do que ir a pé. Os solavancos são impiedosos,
por isso, há um certo alívio quando se chega
a Marcocasa. É lá que são contratados
os arrieiros responsáveis pelas mulas que transportarão
os pertences do grupo. O mais pesado vai no lombo. Na mochila,
só o imprescindível.
Percorre-se
12 km nessa primeira caminhada de Marcocasa até Soraypampa,
onde fica o Salkantay Lodge. O caminho começa no início
da tarde com sol e uma temperatura que lembra o verão
brasileiro. Mas depois de três horas de caminhada, o
que era sol vira uma chuva fora de época, o vento fica
frio e cortante. Casacos e capas de chuva são abertos.
Às 17h, parece noite.
A vantagem de
ficar nos lodges pode ser percebida na hora da chegada: o
grupo, molhado, é recebido com chá de coca quente
pelos funcionários, os sapatos e as capas são
levados para secar, aquecedores fazem o sangue circular, e
o lanche está pronto.
O Salkantay
Lodge é o único em que se hospeda por duas noites
-nos outros, é apenas uma. Celular não pega,
não há internet, e a luz é "cortada"
para economizar gás por volta das 23h30. Para ler,
só com velas. Há algo melhor do que isso?
Na manhã
seguinte, também como forma de aclimatação,
aqueles que querem podem ir até uma lagoa chamada Humantay
nas redondezas.
Como
chegar
São cerca de cinco horas de vôo de São
Paulo a Lima. Da capital peruana até Cusco mais uma
hora, sobrevoando a cordilheira. Em Cusco, de van ou de ônibus
até Mollepata/Cruzpata, o percurso é de pouco
mais de 100 km. De lá, começa a trilha
Para
quem
É, já foi ou nunca imaginou ser trilheiro e
procura um caminho magnífico com cenários que
se modificam a todo instante
Quando
ir
De junho a setembro, as chuvas dão uma trégua.
No começo da trilha, faz frio. A temperatura pode chegar
a -5ºC. Depois, o sol esquenta. Na temporada de chuvas,
é grande o risco de ficar encharcado, mas o caminho
está mais verde e florido
Dica
Vá no seu ritmo. Em grupo sempre há os apressados,
mas não force para evitar mal-estar, falta de ar e
dores nas pernas
Onde
saber mais
www.peru.info
www.mountainlodgesofperu.com
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