Outubro e
novembro são meses especiais para a cadeia do turismo.
Nesse período, os principais destinos do País
vivem o importante momento que antecede o verão, quando
o movimento de consultas e reservas junto a hotéis
e pousadas, entre outros, começa a apontar como serão
os negócios do setor na melhor temporada do ano.
Normalmente,
no fim de outubro, o número de consultas a sites de
hotéis, pousadas e serviços de turismo aumenta,
refletindo o interesse e planejamento dos veranistas. Confirmações
de reservas costumam ocorrer neste período, tanto por
parte dos turistas brasileiros quanto dos estrangeiros.
Devido aos efeitos
da crise financeira mundial e, em especial, à valorização
do dólar e do euro em relação ao real,
esse movimento está atípico este ano. A expectativa
do setor é de que a alta das duas moedas vá
transformar o verão 2009 em grande temporada do turismo
interno. Viajar ao exterior ficou mais caro e a alternativa
são os destinos nacionais.
Em alguns empreendimentos,
essa tendência está começando a ser percebida
pelos empresários. Por enquanto, o número de
consultas aos sites do setor do turismo continua alto, mas
a concretização das reservas ainda está
baixa. Algumas pousadas do Nordeste estão recebendo
menos demanda, especialmente de turistas europeus.
Outra tendência
para o próximo verão está no fato de
que as reservas em hotéis e pousadas voltados aos públicos
de classe média estão se mostrando estáveis,
como no ano passado. Em termos gerais, o verão 2009
continua sendo uma incógnita para empreendedores, empresários
e profissionais do setor.
Porto
de Galinhas:
Segundo o ranking
da Associação Brasileira das Agências
de Viagem (Abav), os destinos turísticos mais visitados
no País são Porto Seguro (BA), Fortaleza (CE),
Natal (RN), Maceió (AL), Porto de Galinhas (PE), Costa
do Sauípe (BA) Salvador (BA), no Nordeste, e Rio de
Janeiro (RJ) e cidades históricas mineiras no Sudeste.
Em Porto de
Galinhas, praia situada a 60 km de Recife (PE), hotéis,
pousadas e serviços de turismo estão em compasso
de espera. O verão 2009 é, ainda, um mistério.
“Nossa ocupação está boa, desde
o início do ano”, afirma Luiz Claudio Araújo,
gerente de hospedagem do Hotel Village Porto de Galinhas.
As reservas para o verão estão no mesmo patamar
do ano passado, segundo ele. Esse hotel possui classificação
quatro estrelas e também atende turistas conveniados
em consórcios de viagens.
Nas altas temporadas,
o Village Porto de Galinhas recebe entre 450 a 500 hóspedes
por dia. A expectativa é de no próximo verão
este número cresça em cerca de 15% devido à
ampliação do empreendimento, que contará
com mais 40 apartamentos.
“Este
outubro, em termos de consultas em nosso site, está
mais interessante do que no ano passado”, afirma Michel
Russi, diretor da Aicá Diving, empresa especializada
em mergulhos em Porto de Galinhas. “Nosso segmento não
trabalha com muita antecedência”, explica o empresário
suíço, radicado no País há 12
anos.
“Acredito
que o dólar vai baixar, e não ficar como está”,
diz ele. A alta da moeda norte-americana compromete a compra
dos equipamentos utilizados nos mergulhos. “Acho que
o dólar vai ficar em torno de R$2,10”, torce
Michel. Essa taxa seria a ideal, segundo ele.
O perfil do
turista que vai a Porto de Galinhas está mudando para
mais popular, nos últimos três anos, de acordo
com Michel. A grande informalidade nos serviços é
uma das grandes dificuldades para melhorar a estrutura do
turismo na praia pernambucana e atrair público com
maior poder aquisitivo.
Para Josilene
Pinto e Silva, diretora da Pé no Mangue Ecoturismo,
a expectativa para o verão não é boa.
“No fim de outubro passado, o movimento de consultas
estava melhor”, diz ela. A alta do dólar é
responsável pela desistência dos turistas estrangeiros
de vir ao Brasil, por causa do preço das passagens
aéreas, avalia a empresária.
Portugueses
e argentinos são os principais clientes da Pé
no Mangue. Turistas brasileiros deverão compensar a
ausência dos estrangeiros, avalia Josilene.
Tiradentes:
Na história
cidade mineira de Tiradentes, o movimento do turismo nos próximos
meses não desperta insegurança. A crise financeira
internacional parece gerar boas expectativas locais. “Tenho
a impressão de que o fluxo de turistas será
bem maior do que no ano passado”, prevê Sebastião
Machado Gomes, secretário municipal de turismo, mais
conhecido como Jacó. “Esperamos os visitantes
com uma programação grande e especial, a partir
de novembro”, adianta.
No Natal, haverá
eventos na praça principal da cidade e montagem de
presépios diferentes. O revéillon terá
muita música e fogos de artifício. Na segunda
quinzena de janeiro, será realizada a 2ª Mostra
de Cinema de Tiradentes. E no carnaval, além do desfiles
dos blocos tradicionais, as ruas da cidade serão cenário
para dois bailes: um de máscaras, e outro, de batalha
de confetes.
“O movimento
de turistas não pára de crescer em Tiradentes.
No fim de julho, foram vendidas 38 mil passagens no trem Maria
Fumaça”, comemora Jacó. Esse número
significa que cerca de 45 mil turistas visitaram a cidade
e participaram da programa Julho Cultural, diz ele. No momento,
em plena baixa temporada, os hotéis e pousadas estão
totalmente ocupados, informa o secretário municipal
de turismo.
Rio
Grande do Norte:
A ecológica
Pousada Mirante de Pipa, situada na bela Praia de Pipa, no
município de Tibau do Sul, localizado a 85 km de Natal
(RN), é um dos empreendimentos mais freqüentados
por europeus nos verões do litoral potiguar. Pipa é
considerada uma praia paradisíaca, com trechos de Mata
Atlântica recuperados e preservados, e mar com ondas
tranqüilas, golfinhos, bom para nadar, aprender a surfar
e pescar.
“Os acessos
de europeus diminuíram bastante. No ano passado, nessa
época, recebíamos 4 mil consultas diárias.
Este ano, estamos com 3 mil consultas por dia”, explica
Gisela Uren, uma das proprietárias da Pousada Mirante
de Pipa.
Esse número
significa que, até o momento, o movimento de estrangeiros
interessados em curtir o verão em Pipa caiu 25% em
relação a 2007. Estrangeiros que vierem serão
aqueles que não sentiram os efeitos da crise financeira
internacional, segundo ela.
A alta dos preços
das passagens aéreas é apontada por Gisela como
o grande gargalo, que poderá dificultar a chegada de
turistas brasileiros às praias do Rio Grande do Norte.
“Há poucas promoções de vôo
para Natal”, lamenta.
A empresária
afirma que é melhor chegar ao Rio Grande do Norte via
Aeroporto de Recife, cuja capacidade de receber aeronaves
aumentou em 30%, enquanto o de Natal perdeu 30% dos vôos,
em relação ao ano passado. “A diferença
de preço entre a passagem aérea para Recife
e Natal é muito grande”, enfatiza. Vale a pena
desembarcar em Recife e chegar às praias do Rio Grande
do Norte de carro ou outro transporte terrestre, recomenda.
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